domingo, 28 de dezembro de 2008

Santíssima Trindade



Das paisagens de minha alma
Trindade é uma delas
Belo contorno de um encontro
Clara, preenchida de sons
Porque esta terra tanto me chama?

Sépia, misto de frio e calor
Penso no sexo oposto
E faço amor com a terra
Esta terra que tem sempre algo a me dizer
Digo sim e contemplo estarrecida as intensidades de seus trânsitos

Trindade carrega a matriz das folhas atlânticas,
Cabeças dos índios, terra
terra, terra que sou,
eterna regada
Brota água da pedra
Pedra que engole

Quantas vezes já olhei pra esse mesmo horizonte?
O sol aparece pra quem acorda cedo (ou não dorme)
O sol também aparece pra quem respeita e ama a madrugada.
O sol aparece e eu hoje faço parte da santíssima Trindade.

segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

Harmonia do cotidiano

Um dia em que me permiti parar. Um dia que me assola a preguiça e a serena compreensão do tempo certo das coisas. Sincronia.
Navego nesse mundo virtual onde posso exercer minha liberdade de escolha de forma fugaz. Navego e a poesia me atrai. Sempre. Inconscientemente me atrai esse mar vasto de idéias e pensamentos diluídos, organizadamente caos, de um organização que desconheço, mas sinto. Uma organização instantânea à luz de minha atenção.
A tensão.
As formas se tensionam para existir. Um eterno parir, um feminino largo, abrangente, cabem todos, todas as possibilidades. Vem o criador, o artista moldando esse barro inebriante. E eu compartilho cúmplice e atuante, meu olhar atua, cria pensamento. Tempo é arte.
"Te sabe, te contempla. " Hilda Hilst

segunda-feira, 1 de setembro de 2008

Movimento II

"As coisas passando... Eu quero é passar por elas, eu quero é não deixar nada mais do que as cinzas de um cigarro e a marca de um abraço no meu corpo"

Canta Jards Macalé, em "Os Sertões", Teatro Oficina Uzyna Uzona

sábado, 30 de agosto de 2008


Movimento

Percebo que retorno, indo-me, indo-me...
Saltando indomável na escuridão do eu
Amando o que me é mistério
Toda luta de não bloquear o fluxo, a natureza de meus póros, as minhas reações químicas, o meu imaginário livre, sentindo.
Como podemos aceitar todo esse não-ser? Há tanta vida! Há tanto o que ver! Há tanto para existir! Como não percebemos esse fantástico? Que anestesia mortal!
A arte me conecta, me liberta, me faz viva, me encoraja, me abre as portas pro sonho, pra possibilidade criativa. Que movimento mecânico é este que insiste em nos domar e tolhe o vislumbre? Mas a vida insiste! Sim, ela insiste em penetrar na tua rotina. Num surpreendente afago, numa melancolia sem por que, onde os pensamentos brotam espontâneos. No entusiasmo da criação... Somos o universo em criação, atinjamos nossas possibilidades! Usemos o intelecto, o peito, a entrega! Aprendamos a transcender o material e descobrir a vastidão, o poder do amor, a graça da união. Não sejamos fechados, completos, subjulgados! Aceitamos a constante transformação do que não é. Se entregue a esse encanto que é a vida e todas as suas possibilidades abertas, possiveis, férteis! Há tanto para se plantar, há tanto para se colher! Há abundancia! Há! Ar! Sejamos o denso e o rarefeito, sejamos essa experiencia sem fim, esse estado alterável, incomum, único. Precisamos retornar ao movimento universal, precisamos abolir o bem e o mal, precisamos compreender sem apreender. O que se aprisiona é morto. O que estagna é cansaço fabricado, é moleza de atitude, é maquina, é de plástico e não há realização. Não há. Não há.

sexta-feira, 15 de agosto de 2008


"Ela dança, porque dançando goza..."
Mestiça
Me atiça
Rabisca tua flor no meu peito!