quinta-feira, 5 de novembro de 2015

Entre Ser

 Criação - Homem e Mulher - Gilvan Samico


Ela desaprendeu a ser um
Virou dois
Virou tudo
Integrou-se
Entregou-se
Entre (go!) ser

Caminha encostada na sombra do sentimento-outro
Protege-se um pouco da claridade intensa desse encontro-sol

Desde que o conheceu, seus olhos se voltam a este projeto insólito de amar
Ela caminha com esta força que colore seus dias
Ela dá passos com as mãos no bolso onde guarda seus olhos
.
Sem perceber melou suas calças do mel que exala a ternura daquele olhar.

Ela o reconheceu
Não de primeira
Mas no instante em que ele - leal - hesitou.
Ela o reconheceu pela lealdade do guerreiro com armadura na face -
aquela imagem mítica que lhe veio no momento em que se encaravam fundo, penetrados.

O tempo com ele é mítico
Impossível de enjaular nos ponteiros
que nos apontam os afazeres ordinários

O mundo com ele é outro
Meio aldeia de índio
Meio abóbodas de sacristias medievais
Meio microcosmo de divisões celulares primitivas
Meio a promessa de um futuro-filho-fruto bem vindo

Desde que se conheceram pertenceram um ao outro
E essa tomada de ser causava um pouco de vertigem

Tentaram entender, sentiram
Tentaram romper, se uniram
Tentaram esconder, descortinam.

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