domingo, 4 de setembro de 2011

Sementes do Vento



Ela achava que tinha aprendido a emocionar os outros, mas fazer rir ainda seria uma caminhada de aprendizado e auto-conhecimento. Ironicamente ganhara dois prêmios com uma personagem cômica. Era a vida dando os sinais de seus rumos preciosos e ocultos.

Ela ficou pensando um pouco nele... Havia atração e retração entre eles... Mas ela não se importou muito, está doce e bem e por estar muito interessada nos seus próprios processos, também é cúmplice dos alheios.

Ela realmente não se importa. O outro é um oceano de afetos que nunca alcançamos por completo, apenas podemos fruir de alguns fluxos de encontros.

Ela queria se entregar mais, busca ávida por intensidades... Mas a dúvida também é uma intensidade e as reticências um caminho.

Na verdade ela está aprendendo que não controla nada e isso a redime e a relaxa aos poucos.

Ela está crescendo... Ele parecia que já tinha crescido, mas ela assistiu a peça dele e viu que não, aí se sentiu mais próxima dele.

Por vezes ele parecia uma fortaleza, mas ela viu algumas lágrimas saindo do olho dele. E pôde perceber as angústias do homem, pai, ator que precisa prosseguir.

As novas configurações da vida são um tanto quanto perturbadoras.

Ela viu o pai tentando dar passos ao lado da filha e não soube dizer quem segurava quem e os dois caíram juntos. "Isso é poesia!"

Ela se lembrou do pai dela, ele chora que nem criança quando eles bebem juntos. Um choro de admiração, espanto e melancolia. Ele julga que não viveu o suficiente ao lado dela, pois teve que se separar de sua mãe quando ela tinha apenas seis anos. Um dia ele contou isso pra ela, ela se lembra bem: um dia de samba, sol e cerveja, olhos vermelhos e úmidos. Ela não entendia porque o pai tinha passado 11 anos ao lado da mãe de seu filho mais novo, num relacionamento não muito feliz. Ele disse que queria ver o filho crescer de perto, bem perto. Ela chorou e entendeu.

Ela sempre foi mais velha que o pai dela, sempre o aconselhou e ela parecia ser a única pessoa que ele realmente escutava. Mas a menina foi criada pra ser do mundo e o pai dela sempre a deixava ir, peito apertado acenando e aplaudindo.

O nome da filha dela ia ser Marina...
Ela tem dois cds dele...
Ela decorou uma música dele...
Sete anos depois eles se encontraram e dançaram...

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